Em entrevista à “Revista Veja” (aqui), a Ministra Eliana Calmon, Corregedora Nacional de Justiça, alertou:
“Nós, magistrados, temos tendência a ficar prepotentes e vaidosos. Isso faz com que o juiz se ache um super-homem decidindo a vida alheia. Nossa roupa tem renda, botão, cinturão, fivela, uma mangona, uma camisa por dentro com gola de ponta virada. Não pode. Essas togas, essas vestes talares, essa prática de entrar em fila indiana, tudo isso faz com que a gente fique cada vez mais inflado. Precisamos ter cuidado para ter práticas de humildade dentro do Judiciário. É preciso acabar com essa doença que é a ´juizite´.”
Que doença seria a juizite?
Em uma postagem antiga abordei o tema:
Em linguagem médica, o sufixo “ite”, (do grego itis, do latim ite) seria designativo de doenças inflamatórias: hepatite, amigdalite, bronquite, gengivite, etc.
Desta forma, podemos afirma que a Juizite seria uma doença. Mais precisamente uma inflamação no caráter do indivíduo que ora ocupa um cargo na magistratura.
Não se trata de uma doença inerente à função, pois a ela é preexistente. Nesta revela-se encontrando as condições necessárias para desenvolver-se (assim como algumas bactérias, fungos, virus, necessitam de calor, humidade, frio, etc). Na espécie, o fator influenciador para a evolução patogênica seria o “poder” (real ou aparente) que o enfermo esta (ou pensa esta) investido.
Como sintomas, podemos elencar alguns:
PSICOLÓGICOS: Transtorno Afetivo Bipolar. O doente tem ilusões de grandeza, poder e superioridade (megalomania).
VISÃO: perda da capacidade de enxergar os mais humildes, subordinados, ou qualquer outra pessoa não considerada no mesmo “nível” ou “acima”.
FALA: dificuldade em pronunciar palavras simples como: bom dia, obrigado, olá, etc.
FACE: contração muscular da face causando uma impressão carranduda (raiva, irritação, etc).
AUDIÇÃO: incapacidade para ouvir o clamor da justiça e a voz do povo.
CONCENTRAÇÃO: só consegue prestar atenção nos próprios interesses (desprezando os demais).
RESPIRATÓRIOS: inchaço dos pulmões, com a ampliação do volume da caixa toráxica (peito de pombo).
TRABALHO: capacidade laboral reduzida. Quanto menor o conhecimento técnico-profissional maior o grau da inflamação (ite). Inversamente proporcional.
Durante os 10 meses (02/09/ 2009 a 28/06/2010) que antecederam a atual gestão, o Tribunal de Justiça do Amazonas fora administrado por um Desembargador advindo do quinto contitucional (OAB) imune a está doença de caráter.
Um de seus primeiros atos na presidência foi a retirada da porta de seu gabinete: “TODOS ERAM ATENDIDOS”.
Além disso, na ante-sala afixaram um cartaz divulgando o número de seu celular particular.
Hoje, li um comentário em um blogue do meu Estado (AM), que criticava esta sua postura, considerando sua humildade incompatível com a formalidade do cargo que na ocasião ocupava.
Ouso discordar do afamado jornalista.
Como disse a Ministra Eliana Calmon, precisamos de práticas de humildade no Judiciário. Os arrogantes, vaidosos e soberbos não são dignos de respeito, mas de temor, desprezo… (ainda que velados), e principalmente de compaixão.
A característica do Desdor. Chalub de tratar a todos (pobres ou ricos) com educação e cordialidade é qualidade incomum que deveria ser seguida, elogiada, estimulada e não criticada. A Sociedade quer Magistrados e não “Deuses e Semi-Deuses do Olimpo”.
Quem está “cheio de más intenções” iria sentir-se mais à vontade numa sala fechada do que em um “gabinete sem portas” (mais adequado para alguém que não tem nada a esconder).
DESEMBARGADOR DOMINGOS CHALUB, O SENHOR TEM TODO O MEU RESPEITO E ADMIRAÇÃO.